O Budismo e as 4 Incomensuráveis
O Budismo e as 4 Incomensuráveis Budismo. Ao mesmo tempo tão conhecido, por causa do Buda, o Primordial, Sidarta Gautama. Ao mesmo tempo, tão desconhecido. Muitos conhecem a imagem de Buda, poucos o que ele trouxe à humanidade.
Existem várias linhagens do Budismo que interpretam os ensinamentos do Buda de diferentes formas. Mas vou me aprofundar aqui nos ensinamentos base de todas as linhas. As 4 Incomensuráveis.
“Existem 4 estados ou atitudes de acordo com a psicologia budista que são as mais belas e poderosas que podemos experimentar.” (Salzberg,1995). Assim como, “Não é possível ter demais dos mesmos, nem há um limite dessas qualidades, por isso são denominadas de “as 4 Incomensuráveis.” (Wallace, 2005)
Mas afinal, o que são essas 4 Incomensuráveis?
As 4 Incomensuráveis são virtudes do coração. Aqueles atributos que são inatos nos seres humanos, mas que estão talvez adormecidos ou esquecidos por falta de prática e cultivo.
A primeira atitude de boa vontade é a bondade amorosa.
O que meu coração deseja do mundo? Se existisse um paraíso, como as pessoas se tratariam/relacionariam neste lugar? Como seriam diferentes as relações neste paraíso, das relações que vivemos hoje no mundo? Como é a melhor atitude que meu coração pode oferecer ao mundo?
Essas perguntas embasam a intenção básica da bondade amorosa. O desejo genuíno de que todos os seres sencientes sejam felizes e encontrem as causas da felicidade.
A segunda virtude do coração é a compaixão.
A compaixão, assim como a bondade amorosa, parte de alguns princípios básicos que o Buda Primordial constatou. O sofrimento existe, e todos os serem sofrem. Existe uma causa para este sofrimento. E assim como o sofrimento, a felicidade existe, e é causada por algo.
Diferente da bondade amorosa, a compaixão foca sua atenção no sofrimento. A dor real, e o sofrimento desnecessário causado por resistência de nossa (humanos) parte. E a partir desse ponto em comum com toda a humanidade, é possível se conectar com as
pessoas. A compaixão é o desejo que todos os seres estejam livres do sofrimento e suas causas.
A terceira Incomensurável é o regozijo.
O regozijo é a “alegria sincera pelas conquistas do outro […] acompanhada pelo desejo de que seu bem-estar e suas qualidades não diminuam, mas sim, que se perpetuem e aumentem.” (Ricard, 2013, p.51)
E por último, mas não menos importante, a equanimidade.
A equanimidade pode ser talvez a mais difícil de todas as Incomensuráveis. O desenvolver, cultivar e agir a partir das 3 virtudes anteriores de forma equânime para com todos os seres vivos. Assim como uma mãe deseja que um filho seja feliz, assim como uma mãe sofre com o sofrimento do filho, e assim como uma mãe fica feliz com as conquistas do filho; que essa seja a profundidade genuína de todas as suas relações.
Por fim, deixo uma reflexão…
Consegue imaginar o quão diferente seria sua vida se você desenvolvesse uma dessas virtudes de forma genuína? Consegue imaginar o quão diferente seria o mundo se desenvolvêssemos e cultivássemos somente uma dessas qualidades?
Gabriel Cop Luciano