Anima e Animus
Anima e Animus são forças arquetípicas que fazem a ponte entre o consciente e o inconsciente. São essas estruturas que levam cada ser humano através de seu inconsciente pessoal até as profundezas do inconsciente coletivo. “Abstratamente, anima/us é uma estrutura psíquica que (a) é complementar da persona e (b) vincula o ego à camada mais profunda da psique, ou seja, à imagem e experiência do si-mesmo.” (Stein, 2000, p.118)
Assim como a persona é um complexo funcional que serve ao Ego como um meio e ao mesmo tempo um limiar no encontro com o mundo externo, o mundo dos objetos, assim também é anima/us. Um complexo funcional que dá os ditames das fronteiras, muitas vezes imprecisas, entre inconsciente e consciente e também uma porta de entrada, um meio de acesso, de imagens e conteúdos profundos para o centro da consciência, o Ego. “Anima/us é uma disposição (ou atitude) que governa as nossas relações com o mundo interior do inconsciente – imaginação, impressões subjetivas, idéias, humores e emoções” (Stein, 2000, p.119)
Sendo assim, a anima é a contraparte feminina no homem, representada por um arquétipo que contrabalanceia a energia psíquica de um homem, possuindo uma atitude mais emocional e passional de contato com o mundo em oposição à energia masculina. Para as mulheres, o animus é a contraparte masculina na mulher, representada por um arquétipo masculino que possui uma atitude mais mental contrabalanceando o universo feminino.
A anima/us representa uma projeção do sexo oposto que nos coloca no confronto com o inconsciente em busca de um “eu” mais genuíno. Enquanto a persona está baseada em padrões de natureza coletiva, anima/us nos leva de encontro ao que é mais individual em cada um. E para que tal encontro aconteça é necessário primeiro o despir da persona. O despir-se daquela máscara/personalidade adotada socialmente e a integração de conteúdos sombrios possíveis para que a instância interna da anima/us se apresente.
Em uma hierarquia de profundidade, essas estruturas “residem” após a sombra. E devido a essa profundidade no inconsciente, nossa relação com elas é como “algo” que existe mas não pode ser observado diretamente, como uma estrela desconhecida cuja posição e dimensões só são conhecidas a partir de medições da atração gravitacional em sai vizinhança” (Stein, 2000, p.117) Logo, nossa relação com essa estrutura se dá de forma projetada em um parceiro. “Em vez de uma projeção da sombra, tal projeção da anima ou do animus confere uma qualidade de fascínio à pessoa que a “contém”. “Apaixonar-se” é um exemplo clássico de mútua projeção de animus e anima entre mulher e homem.” (Hall, 1983, p.21)
Somente após um confronto profundo com a contraparte do sexo oposto que é possível ir de encontro ao Self. A criação de uma relação profunda com o parceiro no relacionamento se faz necessária. E somente após o fim da projeção no parceiro que a tarefa de se relacionar genuinamente com o outro se faz presente. E é aí que a integração também acontece. O Self representa a integração em si mesmo, e para tal é necessário a integração de dois polos “separados” na base da concepção do inconsciente. O feminino e o masculino. E por isso é preciso um confronto profundo com a anima/us.
Gabriel Cop