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Uma Introdução A Alquimia

Uma introdução a Alquimia

A busca pela Pedra Filosofal.
O Elixir da Longa Vida.
Transformar chumbo em ouro.
Esses e muitos outros são temas de uma grande Arte, assim podemos dizer, que é a Alquimia.
Jung se aproximou da Alquimia a partir de seus sonhos primeiramente. E então teve o famoso contato como texto de O Segredo da Flor de Ouro de Richard Wilhelm. Ele precisava de algo que linkasse a sua teoria, com suas experiências vividas em seu confronto com o Inconsciente – relatadas no Livro Vermelho – e também tudo o que já havia observado em sua prática clínica. Ele procurava por uma base histórica onde pudesse apoiar sua teoria analítica. Jung escreve em Memórias, Sonhos, Reflexões:
Cedo percebi que a psicologia analítica coincidia de modo bastante singular com a alquimia. As experiências dos alquimistas eram, num certo sentido, as minhas próprias experiências, assim como seu mundo era meu mundo. Foi, com efeito, uma descoberta marcante: eu encontrara a contraparte histórica da minha psicologia do inconsciente. A possibilidade de comparação com a alquimia, bem como a cadeia intelectual ininterrupta que remontava ao Gnosticismo, davam-lhe substância. Quando me debrucei sobre aqueles antigos textos, tudo encontrou o seu lugar: as imagens-fantasia, o material empírico que recolhera em minha prática e as conclusões que deles retirara. Eu começara a entender o significado desses conteúdos psíquicos a partir de uma perspectiva histórica”.
Mas por que a alquimia é de interesse para a análise?
Edinger comenta em seu livro Anatomia da Psique que “o que torna a alquimia tão valiosa para a psicoterapia é o fato de suas imagens concretizarem as experiências de transformação por que passamos na psicoterapia. Tomada como um todo, a alquimia oferece uma espécie de anatomia da individuação”. A ideia central da alquimia gira em torno da Opus. A Opus é a obra onde um alquimista irá começar com um metal de baixo valor como chumbo e o trabalhará até chegar em sua forma mais pura, o ouro. Essa ideia rege a análise junguiana, pois, assim como um metal bruto, denso e pesado igual o chumbo, assim também são os problemas e adversidades das pessoas que as levam até a terapia. E aquela personalidade que chega irá ser alquimizada dentro de um ambiente analítico, até que sua forma mais genuína – o ouro da alma – venha à tona. Ser quem você realmente é e dar expressão à isso. Isso não é um processo fácil, e nem rápido.
Por fim, deixo um texto de Ordinal of Alchemy, de Thomas Norton descrevendo um pouco sobre esse processo:
Todos os que se entregarem a essa busca devem, portanto, esperar encontrar muitas aflições do espírito. Terás de mudar com frequência seu curso, devido às novas descobertas que fizeres… O demônio tudo fará para frustar a busca, por meio de um ou outro dos três tijolos soltos, a saber o açodamento, o desespero ou a ilusão… aquele que tiver pressa não completará seu trabalho num mês e nem mesmo num ano; além disso. nessa Arte, sempre será verdade que o apressado jamais será carente de razões de queixa… Se o inimigo não prevalecer contra ti devido à pressa, assaltar-te-á com desânimo, e se manterá numa constante atividade de colocar em tua mente pensamentos desencorajados a respeito do fato de serem muitos os que buscam essa Arte, mas poucos os que a encontram e do fato de que, com frequência, aqueles que fracassam são mais sábios do que és. Depois disso, ele perguntará se pode haver alguma esperança de alcançares o grande arcano; ademais, trar-te-á a aflição, com dúvidas a respeito da verdadeira posse, por parte do teu mestre, do segredo que ele professa transmitir-te; ou sobre se ele não estará ocultando de ti a melhor parte daquilo que sabe… O terceiro inimigo contra o qual tu te deves guardar é o engano, que talvez seja mais perigoso do que os outros dois. Os servos que deves empregar para alimentar-te as fornalhas frequentemente são sobremodo indignos de crédito. Alguns são desleixados e vão dormir quando devem prestar atenção no fogo; outros são depravados e fazem contra ti todo o mal que podem; outros ainda são estúpidos ou presunçosos e excessivamente confiantes, desobedecendo às instruções… ou são beberrões, negligentes e distraídos. Guarda-te contra todos esses, se desejares poupar-te de alguma grande perda.
Gabriel Cop Luciano
Referências Bibbliográficas:
EDINGER, Edward. Anatomia da Psique. SP: Cultrix, 1990
Memórias, Sonhos, Reflexões [1964]. RJ: Nova Fronteira, 1996

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